A parceria entre os advogados e as soluções tecnológicas
Segundo o anuário Análise Executivos Jurídicos e Financeiros 2023, produzido pela Análise Editorial, os líderes de departamentos jurídicos das empresas estão incorporando novos papéis, por exemplo, proteção e privacidade de dados e DPO (Data Protection Officer), postos intimamente relacionados com uma rotina mais tecnológica. A pesquisa aponta que 30% dos profissionais do ramo ouvidos acumulam essas funções.
Com uma participação crescente nas atividades e na rotina dos departamentos jurídicos, a tecnologia vem levantando questões como qual será o papel dos profissionais jurídicos na atualidade da advocacia. Essa é uma dúvida preocupante para você também? Se a sua resposta para essa pergunta foi sim, nós temos uma coisa para te dizer: calma! Embora haja mais áreas para se dedicar, o advogado não irá necessariamente trabalhar mais. E, perder o seu posto para uma máquina está fora de cogitação. Muito menos o seu protagonismo à frente das questões jurídicas.
Entendemos, no entanto, que essa resposta não é o suficiente diante da complexidade do assunto. Por isso, vamos explicar melhor: esse processo de transformação que atinge o mercado do Direito deve estabelecer uma nova parceria entre os advogados e as soluções tecnológicas. Acompanhe esse artigo para compreender como ela deve se formar.
Se adequar a interdisciplinaridade
O futuro está mais conectado do que nunca. E, em alguma medida, todos os negócios e atividades acabam tendo seu desenvolvimento ocorrendo através da internet. Por conta disso, os profissionais do Direito precisarão desenvolver um perfil mais estratégico, aprimorar suas habilidades em gestão e dominar a linguagem das novas tecnologias, o que acaba exigindo um investimento maior em novas competências.
Para lidar bem com todos os benefícios decorrentes das novas soluções tecnológicas, o advogado precisará se reinventar. Ele não pode apenas apostar suas fichas no conhecimento técnico e estritamente jurídico. O saber jurídico ainda se faz imprescindível, mas é preciso se dedicar mais a um conhecimento interdisciplinar que lhe permita desenvolver uma visão 360º.
Desenvolvimento do olhar estratégico
Como palavra de ordem nessa nova realidade jurídica, a estratégia é a principal razão para que o advogado amplie seus horizontes de conhecimento para além das bases legais. O novo profissional do Direito precisa de subsídios para ser mais criativo e elaborar alternativas inovadoras que resolvam problemas complexos impostos pelo mundo contemporâneo.
Essa é uma das principais mudanças no papel do advogado e que não pode ser substituída pela tecnologia. No entanto, torna mais valiosa a parceria dos advogados com as soluções tecnológicas e auxilia na melhora da prestação de serviços.
Além de consultar a lei, consultar os dados
Os livros e a letra fria da lei sempre foram os principais nortes e fonte de pesquisa para a tomada de decisão dos advogados. A grande novidade é que esse material deve dividir espaço com os dados disponibilizados pelas plataformas de tecnologia jurídica.
É um grande volume de informação, produzido com rapidez e que têm grande valor. Por isso, o advogado precisa saber selecionar e interpretar essas informações para identificar quando ela pode ser aliada da melhor forma possível com as medidas judiciais previstas na lei. Mais uma transformação importante para os departamentos jurídicos e escritórios de advocacia.
Atenção à revisão das tarefas automatizadas
Ao adotar essa nova tarefa de intérprete dos dados, o advogado passa a acompanhar o resultado das atividades automatizadas realizando também um processo de revisão.
Muitas tarefas rotineiras foram automatizadas, tais como a preparação de documentos legais, o acompanhamento de processos nas mais diversas instâncias, em âmbito nacional e a organização de informações processuais. Com isso, também aumentou a precisão nas produções. Ainda assim, cabe ao advogado acompanhar a efetividade e a validade das informações e garantir a assertividade tão desejada.
O diferencial do valor humano
Por mais eficiente que seja, uma máquina não tem condições de substituir o valor e o diferencial humano; e é nesse ponto que o advogado garante, inclusive, o seu protagonismo. Ele tem as melhores condições de entender a aplicação geral das leis e saber o momento mais adequado para realizar alguma modulação pontual ou adaptar os discursos à relevância do contexto concreto.
As tecnologias ainda vão evoluir bastante e ajudar cada vez mais os advogados. Porém, a última palavra sempre será do humano. Seus ganhos com essa nova dinâmica de trabalho no mercado jurídico também serão maiores, pois as chances de oferecer uma atenção maior ao cliente poderá render bons frutos.